sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pedras Parideiras



As pedras parideiras

Junto à aldeia da Castanheira (freguesia de Albergaria da Serra- 146 habitantes), no limite sul do concelho, ocorre aquele que é, o mais conhecido fenómeno geológico da Arouca, as pedras parideiras. Trata-se de um pequeno (1000 x 600 m) afloramento de granito com abundantes nódulos discóides e biconvexos de biotite, que se libertam da rocha-mãe por termoclastia, acumulando-se no solo. Os nódulos, de 1 a 12 cm de diâmetro, tem a mesma composição mineralógica do granito, pois embora constituídos exteriormente apenas por biotite, possuem um núcleo de quartzo e feldspato potássico.
Este tipo de granito é único em Portugal e raro no mundo. O granito da Castanheira é considerado uma "anomalia" do granito da Serra da Freita. Em 1993, três geólogos do Reino Unido publicaram um estudo sobre a génese deste granito. Concluíram que a sua formação terá ocorrido devido à separação, na fase final da cristalização magmática do granito da Serra da Freita, de um fluido cloretado rico em voláteis. No processo* ter-se-à gerado um gradiente químico na interface magma / bolha de voláteis, que favoreceu a complexação e a mobilização de ferro do magma residual. A bolha, menos densa que o magma, terá ascendido, ficando como que a flutuar no tecto desta porção da câmara magmática.


Lenda do rio Alva, Mondego e Zêzere

A RAIVA DO ALVA

Corre em Pombeiro da Beira uma velha história sobre uma disputa entre três rios portugueses nascidos na serra da Estrela: o Mondego, o Alva e o Zêzere. Nascidos da mesma mãe, viviam os três irmãos, serpenteando pelas vertentes, tranquilos e alegres, amigos e companheiros. Passavam os seus dias mirando-se cada um na limpidez das águas dos outros e jogando ás escondidas nas gargantas, furnas e sorvedouros da gigantesca mãe.Certa tarde, porém, pela noitinha, envolveram-se em azeda discussão, ao que parece motivada por arrogância de valentias. Trovejaram rivalidades e prometeram-se romper as prisões de infância, acabando por desafiar-se para uma corrida cuja meta seria o corpo enormíssimo do mar. o primeiro que lá esbarrasse seria o melhor de todos os três!Qual deles descobriria melhor o caminho ? Qual conseguiria desenvolver maior barulho e força? Qual dos três seria o primeiro a oferecer as suas doces águas ás salgadas águas do mar? Era o que iria ver-se!O Mondego, astuto, forte e madrugador, levantou-se cedo e começou a correr brandamente para não fazer barulho. E sem levantar suspeita foi escorrendo desde as vizinhanças da Guarda, pelos territórios de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim. Na Raiva, onde os primos vieram cumprimentá-lo, robusteceu-se com eles e dali partiu na direcção de Coimbra, depois de ter atravessado ofegante as duas Beiras.O Zézere, porém, estava alerta, e, ao mesmo tempo que o Mondego o fez, começou a mover-se oculto no seu leito de penhascos, enquanto pôde. Foi direito a Manteigas, onde perdeu de vista o irmão. Passou também perto da Guarda, desceu correndo até ao Fundão e, de repente, desnorteou, obliquando para Pedrógão Grande. Quando deu por si, no meio daquela louca correria, tinha atravessado três regiões e estava ainda em Constância. Aí, cansado e desesperado, vendo-se perdido e sem hipótese de alcançar o mar, abraçou o Tejo e ofereceu-lhe as suas águas.O Alva, poeta sonhador, entreteve a sua noite contemplando as estrelas. Adormeceu por fim, placidamente, confiado no seu génio, e quando acordou, estremunhado, era manhã alta. Olhou em volta e viu os irmãos correndo por lonjuras a perder de vista. Que fazer agora? Que imprevidente fora! Mas... remediar-se-ia o desastre!! E o Alva atirou consigo de roldão pelos campos fora, rasgou furiosamente montanhas e rochedos, galgou despenhadeiros, bradou vinganças temerosas. E quando julgou estar a dois passos do triunfo... foi esbarrar com o Mondego, que há horas já lá ia, campos de Coimbra fora, em cata da Figueira, onde se lançaria no seio maternal do oceano, ganhando assim a tão discutida corrida. O Alva esbravejou e com a sua furiosa zanga atirou-se ao irmão a ver se o lançava fora do leito. Quando se sentiu impotente ante a serenidade majestosa do outro, espumou de raiva. E o Mondego, rindo, engoliu-o de um trago. Ao memorável local de encontro, a foz do Alva, passaram as gentes a chamar-lhe Raiva em memória deste caso "tremebundo".

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Peniche

Peniche




Peniche é uma cidade portuguesa no distrito de Leiria, região Centro e sub-região do Oeste, com cerca de 15 600 habitantes.
É sede de um município com o mesmo nome que tem 77,55 km² de área e 28 615 habitantes, subdividido em 6 freguesias:
Ajuda, Conceição e São Pedro (freguesias em que se divide a cidade) e Ferrel, Atouguia da Baleia e Serra d'El Rei, na zona mais rural.
O município é limitado a leste pelo município de Óbidos, a sul pela Lourinhã e limitado a Oeste e a Norte pelo Oceano Atlântico.
A povoação foi elevada a vila em 1609 e a cidade a 1 de Fevereiro de 1988.
A cidade de Peniche está implantada numa península com cerca de dez quilómetros de perímetro criada por um tômbolo. O extremo ocidental da península é o Cabo Carvoeiro. A costa, que tem aspectos surpreendentes e deslumbrantes, é formada por imponentes rochedos, extensas e belas praias de banhos. A oeste da península de Peniche, no meio do Atlântico, ergue-se o arquipélago da Berlenga.
Peniche é a cidade mais ocidental da Europa, o maior porto de pesca tradicional de Portugal e um grande centro atlântico de actividades turístico-marítimas. Junto ao forte o antigo porto mantém o pitoresco das zonas de faina piscatória. Bem perto ficam o Baleal, a costa rendilhada do Cabo Carvoeiro e as pequenas ilhas Berlengas, que pode demandar de barco a partir de Peniche. Se o Baleal é conhecido pelos célebres tubos tão do agrado dos surfistas, não se fique apenas pela praia, pois a pequena aldeia alcandorada sobre uma minúscula península é do mais encantador. A sua especificidade geo-morfológica, oscilando entre uma realidade insular / peninsular, parece ter moldado e condicionado de um ponto de vista socio-económico e cultural, as populações que ao longo dos tempos ocuparam este território, permitindo simultaneamente que o concelho de Peniche fosse palco de importantes acontecimentos históricos de índole nacional e internacional. O nome Peniche parece derivar da palavra latina peninsula (paene + insula) que à letra significa “quase ilha”.